Damos a seguir os que o reputado professor allemão Matatodos insere no seu famoso livro Nãoexistezeitung:
1º Montar de verão em traje de banho e de inverno com facto de mergulhador.
2º Levar sempre na bolsa da machina um barril de aguardente e uma canôa para em caso de resfriamento poder tomar-se um banho alcoolico.
3º Quando se chega de uma excursão violenta e se sente o corpo a transpirar, deve tomar-se um banho de agua gelada, tendo o cuidado de prevenir antecipadamente a família para que vá preparando o luto e chamando o armador.
4º Não emprehender excursão alguma sem ter feito calafetar, a pedra e cal hydraulica, as fossas nasaes e a bocca, a fim de evitar a entrada do ar. A respiração effectua-se pela parte porterior das orelhas onde o cyclista mandará rasgar dois postigos com uma pequenina faca de cosinha.
5º Nas paragens ou descanços, não deve comer senão pão de milho, quando não haja outra coisa; assim como é conveniente não fumar, a não ser que tenha cigarros ou dinheiro para os comprar.
6º Para evitar que haja desarranjo nos ossos dos joelhos e dos pés, todo o cyclista deve, antes de sahir de casa, praticar, como uma verruma, dois pequenos orifícios na perna e pé, introduzindo n’esses orifícios a maior porção de petróleo que lhe seja possível.
7º Estando provado que a bicycleta caminha tanto mais quanto menos fôr o pezo da pessoa que a monta, convem que todo o cyclista leve só a cabeça, os braços e as penas, deixando em casa o tronco, á excepção da parte que precisa para occupar o selim.
8º Com o fim de evitar as quédas nas curvas das estradas, é conveniente desmontar a 100 metros de distancia ou, o que é ainda mais seguro, deixar-se ficar em casa.
9º Para não arranjar corcunda (vulgarmente chamada sêmea) deve levar-se o corpo metido n’uma prensa de copiar fabricada de algodão em rama para não pezar demasiado.
10º Para ter conhecimento de todos os progressos da velocipedia, corridas, ‘records’, ‘matchs’ e quejandas eguarias e mais legumes cyclicos, deve assignar a revista quinzenal ‘O Velocipedista’, enviando a quantia de 1:200 réis á sua administração, rua de D. Pedro, 184 – Porto.
Estes 10 mandamentos se encerram em dois – ter a maxima cautella e caldos de galinha; e não deixar de assignar este jornal por coisa nenhuma d’esta vida, a não ser por falta de dinheiro que é a única razão que póde convencer-nos…
Em vista do que não lhes dizemos mais nada para não os affligir.